Guia de Modelagem

Os dados a seguir referem-se a exemplos conceituais das principais divisões de negócio da Localiza. As informações disponibilizadas tem o objetivo de direcionar o leitor a entender a plataforma de negócios da Companhia e ser capaz de realizar a modelagem financeira dos seus resultados.
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Compra e Venda

A compra e venda de veículos é uma prática que depende do direcionamento estratégico da Companhia. Por isso, o principal ponto de partida para modelagens é a estimativa da adição líquida da frota, calculada pela diferença entre a quantidade de veículos comprados e vendidos.

Adição líquida da frota = Qtde. de veículos comprados (C) – Qtde. de veículos vendidos (V)

Existem três cenários possíveis:
HOJE
SE (C) > (V)
Crescimento
SE (C) = (V)
Manutenção
SE (C) < (V)
Redução
Frota Total
Quantidade total de veículos desde o momento da aquisição até a venda
Frota Operacional
Quantidade de veículos da operação, inclui os carros a partir do emplacamento até a disponibilização para venda. Percentual da frota total.
Frota Alugada
Quantidade de veículos efetivamente alugados no período. Percentual da frota operacional.
Taxa de utilização
A taxa de utilização demonstra, em termos percentuais, a proporção da frota de veículos que foi efetivamente alugada no período. O número divulgado pela Localiza é baseado na frota disponível para aluguel, que desconsidera carros em ativação e desativação (veículos em transporte ou preparação para venda, por exemplo).
Exemplo Taxa de Utilização Divulgada

Frota disponível para aluguel: 530k veículos

Frota média alugada: 480k veículos

Taxa de utilização divulgada: 480k/530k = 90,6%

Exemplo Taxa de Utilização

Frota média operacional: 560k veículos

Frota média alugada: 480k veículos

Taxa de utilização: 480k/560k = 85,7%

Exemplo Taxa de Utilização Global

Frota final do período atual: 650k

Frota final do período anterior: 600k

Média: (650k + 600k)/2 = 625k

Frota média alugada: 480k veículos

Taxa de utilização global: 480k/625k = 76,8%

Número de diárias = Frota média alugada x Número de dias do período*

*Em Gestão de Frotas os contratos consideram meses de 30 dias.
Multiplicando a frota média alugada pelo número de dias do período, encontramos o número de diárias. Esse valor será o ponto de partida para modelar os resultados dos segmentos de Aluguéis, que é dividido em Aluguel de Carros e Gestão de Frotas.
  • Carros com ciclo médio de vida útil de 15 a 18 meses;
  • Maior estrutura de custo físico com agências e pessoal;
  • Maiores custos fixos caracterizam menores margens quando comparado com a divisão de Gestão de Frotas.
  • Carros com ciclo médio de vida útil de 36 meses, com contratos de 12 a 84 meses;
  • A ausência de estrutura física resulta em menores custos fixos;
  • Menores custos fixos caracterizam maiores margens;
  • Os serviços são ofertados a partir da demanda dos clientes, reduzindo assim a ociosidade.
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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE ALUGUÉIS

Aluguel de Carros e Gestão de Frotas são o core business da Companhia e a receita desses segmentos refere-se aos serviços de Aluguéis.

Receita bruta aluguéis = diária média (R$) x número de diárias

O produto da diária média pelo número de diárias encontrado anteriormente nos permite chegar na primeira linha de resultados do segmento - a receita bruta de alugueis.

Receita líquida aluguéis = receita bruta aluguéis x (1 – alíquota de PIS/COFINS*)

*Alíquota incidente de 9,25%

EBITDA Aluguéis = receita líquida aluguéis – custos aluguéis – despesas aluguéis

Custos aluguéis
Referem-se aos gastos com manutenção, IPVA, aluguel de imóveis, pessoal, entre outros.
Despesas aluguéis
Referem-se as despesas com publicidade, comissões, serviços de terceiros, participação de resultados, entre outros.

Margem EBITDA aluguéis = EBITDA aluguéis/Receita líquida aluguéis

A Margem EBITDA é a métrica utilizada para avaliar a eficiência operacional do negócio.

EBIT aluguéis = EBITDA aluguéis – depreciação de outros imobilizados

O que é “Depreciação de outros imobilizados”?
A “depreciação de outros imobilizados” reflete a depreciação de imobilizados (excluindo-se carros) durante o período. Refere-se, principalmente, as agências do Aluguel de Carros, aos prédios administrativos, entre outros.
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Modelagem Seminovos

Seminovos não é uma unidade de negócio da Companhia, mas sim uma área de eficiência responsável pela venda dos carros desativados das divisões de Aluguel de Carros e de Frotas. É por meio da venda dos veículos que a Localiza renova a sua frota e mantém a qualidade dos seus ativos ao longo do tempo.

O número de veículos vendidos para cada uma das divisões pode ser estimado a partir da necessidade de renovação da frota, dessa forma, pensando em um ciclo médio de 15 meses no Aluguel de Carros e 36 meses na Gestão de Frotas, em 12 meses seria necessário vender 12/15 ou 80% da frota do RAC e 12/36 ou 33% da frota de GF.

Receita de vendas = preço médio de venda (R$) x número de veículos vendidos

Para a modelagem de Seminovos, tomamos como ponto de partida a receita de vendas, que pode
ser estimada pelo produto entre o preço médio de venda e o número de veículos vendidos.

Lucro bruto de vendas = receita de vendas – custo depreciado do veículo vendido

Custo depreciado do veículo vendido = preço de compra – depreciação acumulada

O que é “Custo depreciado do veículo vendido”?
O “custo depreciado do veículo vendido” corresponde ao preço de compra dos carros vendidos, líquido da depreciação que foi acumulada no período. A depreciação é calculada pelo método linear e considera a diferença entre o preço de compra do carro e a estimativa do preço de venda ao final de sua vida útil, líquida da estimativa dos custos e despesas para venda. O preço de venda é reavaliado trimestralmente conforme os preços praticados pelo mercado.
Depreciação
Book value
Lucro bruto
Depreciação
Book value
Lucro bruto

O esquema acima demonstra como a depreciação dos carros influencia no resultado do lucro bruto. Na medida em que os carros sofrem depreciação ao longo de sua vida útil, o seu valor contábil (book value) diminui, resultando e um maior lucro bruto no momento da venda, a depender dos preços de mercado.

EBITDA Seminovos = lucro bruto de vendas – SG&A Seminovos

O que é "SG&A Seminovos"?
SG&A (despesas com vendas, gerais e administrativas) são os gastos necessários para vender a quantidade de carros que originou a receita de vendas. Inclui, além de salários e comissões de colaboradores, aluguel das lojas de seminovos, gastos com marketing, entre outros.
Para avaliar a eficiência do Seminovos, uma métrica utilizada é o SG&A/Receita Líquida Seminovos.

EBIT Seminovos = EBITDA Seminovos – depreciação de carros – depreciação de outros imobilizados

O que é “depreciação de carros”?
A “depreciação de carros” reflete a depreciação dos veículos da frota operacional no período. Esse valor corresponde a diferença apurada no período entre o preço de compra do carro e a estimativa do preço de venda ao final de sua vida útil, líquida da estimativa dos custos e despesas para venda.
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Demonstração de Resultado Consolidado

EBIT Consolidado = EBIT aluguéis + EBIT Seminovos

A Localiza faz parte de uma indústria de capital intensivo, o que significa que o negócio requer elevados investimentos para operar, como carros, agências e lojas. Esses investimentos são financiados através de capital de terceiros ou próprio:

Resultado financeiro* =
receitas financeiras
– despesas financeiras
*exemplo conceitual para aproximação do cálculo
caixa x taxa de rentabilidade (%)
dívida bruta x
custo da dívida
Capital de terceiros
São os recursos provenientes de outras instituições financeiras e pessoas físicas. Inclui empréstimos e financiamentos, debêntures, entre outros. A Companhia os remunera por meio do pagamento de juros.
Capital próprio
São os recursos provenientes da geração de caixa e dos acionistas da Companhia. Inclui práticas como IPO, follow-on, entre outros. A Companhia os remunera por meio de proventos.
Dívida bruta
Consiste na soma de todas as obrigações que a empresa deve arcar com terceiros.
Custo da dívida
O custo da dívida é calculado através do CDI médio do período mais o spread de captação.

EBT consolidado = EBIT consolidado – resultado financeiro

Sobre o EBT, Lucro antes de Impostos, incidem o IRPJ e CSLL numa alíquota total de 34%. A alíquota efetiva pode ser reduzida de algumas formas, uma delas através da distribuição de JCP (Juros sobre Capital Próprio), uma das alternativas que a empresa tem para remunerar os seus acionistas.

Alíquota de IR:

EBT:


R$1000M

JCP:


R$0

Imposto incidente:

34% * R$1000M = R$340M

Exemplo de alíquota efetiva de IR:

EBT:


R$1000M

JCP:

R$200M

Lucro tributável:


R$1000 – R$200 = R$800M

Alíquota efetiva:

34% * 800M = 272/1000
27,2%

O JCP é calculado através da multiplicação do Patrimônio Líquido pela Taxa de Juros de Longo Prazo, não podendo exceder 50% da reserva de lucros da Companhia ou 50% do valor do lucro líquido do exercício fiscal anterior.

Impostos = EBT x (1 – alíquota efetiva)

Lucro líquido consolidado = EBT – impostos

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Fluxo de Caixa
(+) Geração de caixa
Seminovos

(+) Receita líquida seminovos – SG&A

Resultado aluguéis

(+) EBITDA aluguéis

(-) Consumo de caixa
Capex

(-) Capex carros

(-) Capex outros

Outros

(-) Impostos

(-) Proventos

(+/-) Resultado financeiro

Fluxo de Caixa = geração de Caixa - Consumo de Caixa

Caso haja maior consumo do que geração de caixa no período, torna-se necessário captar recursos para financiar a expansão.

(-) Capex Líquido de Renovação (R$) = Investimento em Frota – Receita da Venda de carros

O Capex líquido de renovação é o resultado do investimento em frota menos a receita de vendas. Costumamos olhar para esse número através do preço de compra subtraído do preço de venda por carro
Sumário do Fluxo de Caixa

(+) Receita líquida seminovos – SG&A: corresponde a receita de seminovos líquida de despesas.

(+) EBITDA aluguéis: corresponde ao resultado operacional de Aluguéis, ou seja, é a receita proveniente do core business da empresa, líquida dos custos e das despesas.

(-) Capex carros: corresponde ao investimento em frota para expansão, manutenção ou redução das operações.

(-) Capex outros: corresponde aos gastos com hardware de telemetria instalados em carros novos, assim como com expansão de agências RAC e lojas de Seminovos.

(-) Impostos: corresponde aos gastos com imposto de renda.

(-) Proventos: referem-se a distribuição de dividendos e JCP.

(-) Resultado financeiro: referem-se as receitas e as despesas do recebimento ou do pagamento de juros.

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Indicadores

Os indicadores auxiliam no estudo da modelagem financeira. Traremos abaixo os principais utilizados pela Companhia.

ROIC spread

Utilizamos o ROIC spread como indicador chave de geração de valor, evidenciando a capacidade da Companhia de gerar retornos consistentes acima do custo da dívida, adicionando valor ao acionista.

ROIC

(Retorno sobre capital investido)

=
NOPAT

Capital investido

NOPAT

NOPAT, Lucro operacional após impostos
NOPAT = EBIT * (1 – alíquota efetiva de IR/CS)

Capital Investido

Capital alocado pela Companhia nas atividades operacionais. Por simplificação consideramos como:
Capital investido = patrimônio líquido* + dívida líquida

*deduzido do ágio proveniente da combinação de negócios

Custo da dívida após impostos

O custo da dívida, também chamado de “KD”, é calculado através do CDI médio do período mais o spread de captação da Companhia, deduzido dos impostos.

KD = custo da dívida * (1 – 34%)

ROIC spread = ROIC – custo da dívida após impostos

Ratios de dívida

Para verificar a saúde financeira da Companhia, utilizamos indicadores como a Dívida líquida/EBITDA LTM e a Dívida líquida/valor de frota. A dívida líquida é composta por endividamentos de curto e longo prazos +/- resultados das operações de swap, líquida do caixa, equivalentes de caixa e de aplicações financeiras.

Dívida líquida/EBITDA LTM*
Dívida líquida/valor da frota
*LTM = Last Twelve Months (últimos 12 meses)